SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A cofundadora do Nubank Cristina Junqueira publicou um vídeo em suas redes sociais nesta terça-feira (20) em que pede desculpas por ter dito, durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, que a contratação de profissionais é difícil e que a empresa não pode “nivelar por baixo”. “Ontem, eu estive no Roda Viva […] Teve um trechinho do que eu falei lá que infelizmente não repercutiu tão bem. E eu queria dizer que falar de diversidade racial, gente, não é fácil”, disse Junqueira. “Queria pedir desculpas, [porque] acho que não me expressei da melhor maneira. É super importante a gente ter uma comunicação clara. Queria agredecer todo o feedback que está vindo, a repercussão que isso está tendo porque todo mundo tem o que aprender”, afirmou. Na segunda-feira (19), ao ser entrevistada pelo programa Roda Viva, a cofundadora do Nubank afirmou que a empresa tem uma subrepresentatividade racial, mas que está buscando há algum tempo contornar a situação. Ao ser questionada se as exigências da companhia na hora da contratação não estariam travando essa maior representatitividade, a cofundadora da fintech disse que a empresa investe em formação para não nivelar por baixo. “Não dá para também nivelarmos por baixo. Por isso que queremos fazer investimento em formação. Criamos um programa gratuito, que chama diversidados, que vamos ensinar ciência de dados para pessoas que querem entrar nisso, e nós vamos capacitar essas pessoas”, disse. “Não adianta colocarmos alguém para dentro [da empresa] que depois não vai ter condição de trabalhar com as equipes que temos, de se desenvolver, de avançar na sua carreira, depois não vai ser bem avaliado. Daí não estamos resolvendo um problema, estamos criando outro.” A fala de Junqueira repercutiu nas redes sociais, onde representantes de movimentos e empreendedores negros comentaram a afirmação da empresária. “Quando não se reconhece que existe uma dívida histórica com grupos minorizados, a ‘justificativa’ é sempre a mesma: ‘eles não chegam’, ‘não estão preparados’, ‘nivelar para baixo'”, disse Maitê Lourenço, fundadora e presidente da BlackRocks Startups. “A desculpa de que não se encontra ou não tem como suprir exigências com os candidatos negros é no mínimo reducionista pautada na ineficiência do processo de procura destes profissionais”, afirmou Nina Silva, presidente do movimento Black Money.