CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Sob raro sol forte de Curitiba, 8 dos 16 candidatos à prefeitura da capital paranaense se reuniram em praça pública nesta terça-feira (20) para apresentar propostas para a cidade . O evento foi uma forma de protesto dos concorrentes contra a falta de espaço para as campanhas nas mídias tradicionais e a ausência do prefeito e candidato à reeleição, Rafael Greca (DEM), nos debates. Favorito nas pesquisas, Greca não compareceu ao debate promovido pela TV Band no início do mês alegando discordância sobre as medidas de proteção da emissora contra a Covid-19. Porém, mesmo antes do programa, o prefeito foi infectado com o novo coronavírus e chegou a ficar internado por quatro dias. Ele já está recuperado. Alguns adversários criticam a postura do prefeito e dizem que ele usa de influência inclusive para limitar os debates nos meios tradicionais de comunicação. Apontam ainda que a campanha curta, em meio à pandemia, e o escasso tempo de TV prejudicam a igualdade de disputa. Greca é dono da maior faixa de tempo do horário eleitoral, com 3 dos 10 minutos. Cerca de 50 pessoas -a maior parte cabos eleitorais- acompanharam os discursos, que foram também transmitidos pela internet. No palanque, na praça da Espanha, próxima ao centro de Curitiba e à casa do prefeito, os concorrentes tiveram cinco minutos cada um para falar da importância do debate na democracia. Tentando levar o pleito para o segundo turno, todos utilizaram ao menos parte do tempo para atacar Greca. “Já percebi que essa é uma postura muito comum dessa gestão [de ausência de debate]”, afirmou a candidata do PSTU, Professora Samara. “Não podemos continuar apoiando um prefeito que foge do debate democrático, que age de maneira autoritária e que pensa que ele é dono da cidade junto com as corporações que ele apoia”, disse Letícia Lanz (PSOL). Eloy Casagrande (Rede) afirmou que possui diversos projetos para a cidade, mas que as portas do poder público municipal foram fechadas por Greca. “Não são só questões que envolvem os candidatos de oposição, é uma questão de respeito à população curitibana, estamos numa praça pública, democrática, como se fazia na Grécia antiga.” “Este debate é o maior reflexo da ausência do atual gestor, porque se ele se ausenta no debate político é também porque ele se ausenta durante a sua gestão”, disse Camila Lanes (PC do B). “Lutamos muito para conseguir fazer desse país uma democracia, mas hoje ela está quase respirando por aparelhos, está num momento crítico. Nas eleições municipais, temos um massacre midiático, a cada cinco minutos o prefeito está na televisão”, afirmou Professor Mocellin (PV), que chegou a pedir voto em “qualquer um” dos oponentes, menos em Greca. Aliado do presidente Jair Bolsonaro e figurando entre os primeiros colocados em pesquisas locais, o candidato Fernando Francischini (PSL) foi um dos que levaram cabos eleitorais com bandeiras para a praça, mas o apoio não o poupou de críticas: ele foi confrontado pessoalmente por simpatizantes de outras candidatos no evento. “Estamos num momento de debater a democracia. Independente se eu penso mais à direita ou mais à esquerda, temos que respeitar as diferenças, mas principalmente estar presente nesse momento”, rebateu Francischini no pronunciamento, marcado por aplausos de apoiadores, mas também por vaias e xingamentos de opositores. O encontro desta terça foi proposto pelo candidato João Arruda (MDB) e ganhou adeptos entre os adversários. “Não fiz esse movimento para me promover ou promover a minha candidatura. Harmonia entre os candidatos é buscar espaço para a democracia.” Francischini prometeu organizar mais um evento como esse entre os candidatos da capital na próxima semana, mas em frente ao prédio da prefeitura, para confrontar Greca. Paulo Opuszka (PT) também disse que vai marcar outra conversa na praça em frente à UFPR (Universidade Federal do Paraná). “A gente precisa chamar o debate para a rua. Se a sociedade civil organizada quer discutir a cidade, é hora da gente convocar as pessoas”, disse o petista. Em nota, Greca afirmou que os adversários não possuem “conhecimento de causa” pois usam como estratégia ataques à sua pessoa e sua gestão. “Preferia que eles tivessem apresentado suas propostas para a cidade. Para mim o desaforo é a ausência do argumento.” Deputado estadual, Goura Nataraj (PDT), que também figura entre os primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto em Curitiba, afirmou que estava em sessão na Assembleia Legislativa e, por isso, não compareceu ao encontro.