Pressionado por secretários para comprar vacina chinesa, ministério diz que não descarta possibilidade

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Pressionado pelos estados a comprar a vacina chinesa Sinovac, desenvolvida em parceira com o Instituto Butantan, o Ministério da Saúde amenizou o tom e informou que não descarta nenhuma possibilidade de imunização. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (15), o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, afirmou que o país pode contar com “várias vacinas” contra o novo coronavírus e que a vacina chinesa “está no rol daquelas que deverão ser adquiridas”. O secretário voltou a falar que as vacinas em fase 3 de testes clínicos – com amostragem ampliada – terão preferência. “Em fase 3, estágio avançado de desenvolvimento, talvez ali concomitante com a da AztraZeneca, nós temos a do Butantan aqui no Brasil. Com certeza ela está no rol daquelas que deverão ser adquiridas e deverão ser inseridas no programa nacional de imunização, conforme um estudo de segurança, da eficácia, do prazo de disponibilidade…”, disse o secretário-executivo. Franco também disse que, entre os requisitos avaliados pelo Ministério, estão a capacidade de produção em escala e um preço “que seja exequível, que possamos pagar pela vacina”. Secretários estaduais de Saúde encaminharam um ofício nesta quinta-feira (15) ao ministro Eduardo Pazuello (Saúde), solicitando a compra da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, de São Paulo, em parceria com o laboratório chinês Sinovac. O documento assinado pelo presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Estado da Saúde), Carlos Lula, cita reunião realizada entre os secretários e dirigentes do Ministério da Saúde, na qual foram informados que as opções contratadas pelo governo federal não devem resultar na vacinação da população antes de abril do próximo ano. A crise entre ministério e secretários estaduais, por conta da previsão da disponibilização da vacina apenas em abril de 2021 foi revelada pelo Painel. Por outro lado, argumentam os secretários, a vacina produzida pelo Instituto Butantan encontra-se na fase 3 de testes clínicos – a testagem em uma amostragem ampliada – que deve ser encerrada até novembro. Além disso, existiria a disponibilidade imediata, em dezembro, de 46 milhões de doses. Essas quantias seriam ampliadas em fevereiro, com mais 14 milhões, e outras 40 milhões até junho. “Desta feita, o Conselho Nacional de Secretários de Estado da Saúde – CONASS, cordialmente, solicita ao Ministério da Saúde a adoção das medidas necessárias e imediatas para incorporação ao Programa Nacional de Imunização – PNI das vacinas para COVID-19 produzidas pelo Instituto Butantan, em parceria com a empresa farmacêutica Sinovac Life Science”, afirma o texto do ofício encaminhado a Pazuello. Na semana passada, o mesmo secretário Franco havia adotado um tom mais duro, ao ser questionado sobre a compra da vacina chinesa. O secretário-executivo afirmou na ocasião que as negociações com o estado de São Paulo estavam no mesmo passo que as demais mantidas pelo ministério. “A vacina que ficar pronta primeiro com certeza será uma opção para adquirirmos. De acordo com a legislação brasileira, eu não posso comprar o que não existe”, disse. Franco disse nesta quinta-feira que pode haver um adiantamento para dezembro do início do fornecimento das vacinas desenvolvidas pela Universidade de Oxford em parceria com a empresa AztraZeneca, via Fiocruz. A princípio, as 15 milhões de primeiras doses estarão disponíveis em janeiro. O Ministério afirma que o cronograma de entrada dessas vacinas serão mensais, com a mesma quantidade inicial. Na semana passada, o governo federal informou que terá 140 milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus no primeiro semestre. Em relação à imunização no primeiro semestre, 100 milhões de doses virão da parceria entre a AstraZeneca e a Universidade de Oxford, por intermédio da Fiocruz. As outras 40 milhões de doses serão obtidas através do mecanismo Covax Facility, liderado pela OMS (Organização Mundial de Saúde). O Brasil anunciou a adesão ao mecanismo em setembro deste ano, quando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou medida provisória liberando R$ 2,5 bilhões. O Ministério da Saúde também apresentou nesta quinta-feira o boletim epidemiológico, em relação à semana que terminou no dia 10 deste mês. A pasta acrescenta que essa é a 19ª semana com tendência de queda no número de mortes. “Por volta da 22ª semana epidemiológica, tínhamos um platô de óbitos que permaneceu por cerca de seis semanas. A partir de então, já vemos uma tendência de queda”, disse Arnaldo Medeiros, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério.

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