Jurados do Born to Fashion dizem que programa ajuda a mudar a mente da sociedade

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um programa que colabora para transformar a mente machista e transfóbica de boa parte da sociedade brasileira. Esse é o Born to Fashion, reality do canal E! que chega ao fim nesta quinta-feira (15) e que tem como intuito realizar o sonho de meninas trans a conquistarem um lugar ao sol. No programa, durante dez episódios, elas se viram envolvidas em provas de fotografia, vídeo, passarela e teatro. As participantes conviveram na mesma casa e dividiram com o público suas histórias e experiências, além de seus talentos para brilhar no mundo da moda. Na final desta quinta, as dez aspirantes a modelos vão ter de desfilar em um projeto que representa um retrospecto da carreira do estilista Alexandre Herchcovitch sob os olhares da consultora e roteirista Alice Marcone, do renomado maquiador André Veloso e da estilista Lila Colzani. Apesar de apenas uma das modelos transgênero se sagrar campeã ao final do décimo e último episódio do reality, no ar a partir das 22h, todas as meninas já são vencedoras de acordo com os jurados. “O sucesso do programa é a transformação de cada uma das meninas independentemente de título. Sabemos que tem meninas do programa que estão trabalhando e tendo oportunidades. E antes ver uma pessoa trans ter sucesso era impensável. O programa abre uma grande porta para que tudo vire normal”, destaca Lila. O programa já foi gravado há cerca de um ano e ainda não há a certeza de uma segunda temporada. “Mas nós queremos demais que tenha”, complementa ela. Para a roteirista Alice, a atração conseguiu transgredir. “Vivemos numa sociedade cheia de limites. E esse reality é inovador. É um primeiro passo para mudar a cabeça dos mais conservadores. A existência do Born to Fashion já é uma transgressão. Representa uma ruptura de um sistema, mas ainda há por vir uma longa jornada”, define ela que também é uma menina trans e que se vê em um caminho muito semelhante ao das meninas participantes. A grande vencedora do reality, comandado pela top model Lais Ribeiro, vai assinar contrato com uma agência de modelos e estampará a capa digital da revista Harper’s Bazaar, além de ser a estrela de um editorial nas páginas da revista, tanto virtual quanto impressa. “O balanço que faço dessa primeira temporada é que ela deixa um legado para a história: o de naturalizar a presença e a existência de pessoas trans e travestis. Que esse reality possa inspirar mais e mais pessoas trans e travestis ao sonho de ser o que eles quiserem ser”, explica Alice. O Born to Fashion é um reality diferente dos demais pelo fato de não haver eliminação. As mesmas dez meninas que entraram, com seus sonhos, anseios, dúvidas e desejos, são as dez que encerram a participação. E para Lila isso é uma lição de vida. “Não eliminar ninguém foi importantíssimo. Nossa função é treinar essas pessoas e deixá-las prontas para o mercado de trabalho. A vida já as elimina de forma tão devastadora. Cada uma tinha uma característica. E a visibilidade que elas conquistaram darão a elas os melhores caminhos”, opina. Para o maquiador André Veloso, o feedback do público foi muito importante. “Os debates que tivemos ajudaram não só as pessoas fora desse contexto como nós mesmos. Eu, que sou gay desde o útero, não sabia de muita coisa do universo trans. Muita gente que dizia que não entendia também mudou de cabeça. E as meninas participantes nem se fala. Das que entraram até o último episódio, parecem outras. Com outra cabeça, outra visão de mundo, outras opiniões e sonhos”, conclui.

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