Bolsas globais caem e refletem desaceleração da economia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os principais mercados globais operaram com viés negativo nesta quinta-feira (15), após dados apontarem desaceleração na recuperação das economias, inclusive nos Estados Unidos, e aumento de casos de Covid-19 na Europa, com novas restrições na região. O Ibovespa chegou a cair 1,6% , mas amenizou a queda ao longo do pregão e fechou com perda de 0,3%, a 99.054 pontos. O dólar, que subiu para R$ 5,65, também reduziu o movimento, e encerrou com alta de 0,4%, a R$ 5,6260. A melhora no mercado acompanhou a redução da aversão a risco em Wall Street e declarações do ministro Paulo Guedes (Economia), que disse à CNN Brasil que pode desistir da ideia de um novo imposto com base digital. Na sessão, investidores repercutiram os resultados do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), que teve alta de 1,06% em agosto ante julho. Economistas esperavam alta de 1,6%, segundo a Reuters, e de 1,7% segundo a Bloomberg. Sobre agosto de 2019, o IBC-Br caiu 3,92%, menos do que esperado pelo mercado, e, no acumulado em 12 meses, teve recuo de 3,09%. Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, a atividade deve continuar a se recuperar nos próximos meses, com a flexibilização gradual do distanciamento social, estímulos fiscais adicionais, recuperação nos preços de matérias-primas e crescimento global firmado, mas em compasso mais lento. “Um quadro viral interno de Covid-19 ainda muito complexo, um mercado de trabalho muito fraco e a expectativa de eliminação de algumas das atuais medidas de apoio fiscal devem suavizar o ritmo da recuperação”, escreveu Ramos em relatório a clientes. Também nesta quinta foi divulgada a prévia extraordinária das sondagens com o mercado da FGV (Fundação Getulio Vargas). Dados coletados até esta quarta (14) sinalizam recuo da confiança empresarial e dos consumidores em outubro. Em relação ao número de setembro, o Índice de Confiança Empresarial diminuiria 1,1 ponto, para 96,4 pontos, e o Índice de Confiança do Consumidor cairia 3,9 pontos, para 79,5 pontos. “Os resultados sugerem uma interrupção na tendência de recuperação da confiança empresarial, com piora das expectativas em todos os setores, exceto na indústria”, disse Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das Sondagens do Ibre/FGV. Segundo ela, o baixo nível da confiança dos consumidores decorre, em grande parte, da preocupação com mercado de trabalho e alta nos preços de alimentos, da incerteza com a pandemia e do fim do auxílio emergencial. “O descolamento entre a confiança de empresários e consumidores é a maior desde 2010”, afirmou Viviane. Apesar do viés negativo, as ações da CSN avançaram 5,7%, a R$ 19,45, na Bolsa brasileira, antes do balanço do terceiro trimestre. No setor, Usiminas fechou com elevação de 6%,a R$ 10,85. De acordo com analistas do BTG Pactual, as duas companhias estão anunciando outro aumento de preços de aços planos a distribuidores para novembro. No campo externo, houve aumento inesperado no número de novos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, totalizando 898 mil, de 845 mil na semana anterior. O mercado esperava 825 mil solicitações. Os ganhos do mercado de trabalho com a reabertura das empresas estão caindo e economistas preveem desaceleração das contratações se não houver outro pacote fiscal, que depende da costura de um acordo entre republicanos e democratas. Em Wall Street, o índice S&P 500 recuou 0,15%, a Nasdaq caiu 0,47%, e o Dow Jones fechou em queda de 0,06%. Na Europa, o índice Stoxx 600, que reúne as maiores empresas da região, recuou 2%. A Bolsa de Londres caiu 1,73%. Paris teve queda de 2,11% e Frankfurt, de 2,49%. Nesta quinta, a cidade de Londres proibiu reuniões em espaços fechados para conter alta de casos de Covid-19 a partir de sábado (17). A capital e mais algumas cidades foram colocadas na categoria de risco “alto” pelo governo. As taxas de infecção estão dobrando em Londres a cada 10 dias. O Reino Unido é o país mais afetado da Europa pelo coronavírus, com mais de 43 mil mortes. O número de contágios aumentou rapidamente nos últimos dias, com quase 20 mil casos a cada 24 horas. Na quarta (14), o balanço oficial registrou 137 mortes. A França também anunciou toque de recolher em Paris e outras cidades.

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