Após demitir Luxemburgo, presidente do Palmeiras fala em buscar conceito

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Buscar um conceito e definir uma filosofia de trabalho foram os termos mais repetidos pelo presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, na entrevista coletiva desta quinta-feira (15), dia seguinte à demissão do técnico Vanderlei Luxemburgo. O treinador não resistiu à derrota por 3 a 1, em pleno Allianz Parque, para o Coritiba, na noite de quarta-feira (14). Perder para o time paranaense, que iniciou a rodada em 18º lugar, na zona de rebaixamento do Brasileiro, foi a gota d’água para a diretoria. Em campo, a equipe se mostrou desorganizada e sem poder de reação, principalmente após sair atrás no placar. Inquieto na área técnica, Luxemburgo fez as cinco substituições que viraram praxe nos jogos do Palmeiras, mas nada impediu a terceira derrota consecutiva no Nacional. Ao lado do diretor de futebol, Anderson Barros, Galiotte enfatizou que o elenco pode render bem mais do que tem demonstrado até aqui. A equipe está estacionada na tabela da competição com 22 pontos em 15 jogos. Um aproveitamento de 49%. O presidente palmeirense foi questionado sobre qual seria o perfil do futuro treinador. “Vamos trabalhar sempre mirando um conceito, direcionado a um conceito. Nomes, perfis, vamos pensar a partir de hoje à tarde. Esclareço que o Palmeiras precisa definir qual é o seu modelo de jogo, senão vamos ficar trocando treinadores e isso tem que acabar em algum momento. Uma vez implementada uma filosofia, teremos uma continuidade muito maior”, declarou. A resposta veio com palavras diferentes, mas com sentido muito parecido com outra dada no ano passado, em 1º de dezembro, após a demissão de Mano Menezes. “O Palmeiras pensa agora num modelo diferente para o próximo ano, uma forma diferente de ver o futebol”, disse naquela ocasião, dando a entender que a escolha do futuro treinador seria baseada em um futebol moderno, como foi visto no Flamengo de Jorge Jesus e no Santos de Jorge Sampaoli, primeiro e segundo colocados do Brasileiro de 2019. O argentino, atualmente no líder Atlético-MG, ficou muito próximo de fechar com o clube, mas exigências por ele feitas de última hora melaram o acordo. Pela expectativa criada após a fala do mandatário e a negociação com Sampaoli, a escolha de Luxemburgo como plano B surpreendeu muita gente e dividiu opiniões, principalmente da torcida alviverde. Em 10 meses de comando, o treinador levou a equipe à conquista do Campeonato Paulista sobre o rival Corinthians, que encerrou um jejum de títulos estaduais que perdurava havia 12 anos, e classificou o time para as oitavas de final da Libertadores, com possibilidade ainda de ter a melhor campanha da fase de grupos. Vanderlei conduziu a equipe em 36 jogos válidos por competições oficiais nesta sua última passagem. Foram 17 vitórias, 14 empates e 5 derrotas. Um aproveitamento de 60% dos pontos disputados. Apesar de ter perdido poucas partidas, o Palmeiras empatou muito. O desempenho irregular dentro de campo ao longo da temporada foi o grande problema do treinador. Sem conseguir definir um padrão de jogo, sofreu com críticas de torcedores mesmo na longa fase invicta do clube no ano. Por outro lado , Luxemburgo teve o mérito de fazer um maior uso de jogadores das categorias de base, um movimento contrário ao mostrado pelo clube desde 2015, quando se notabilizou por altos investimentos em aquisições de atletas e pela pouca utilização dos formados em casa. “Enxergamos que o Vanderlei atendia a todos os pré-requisitos que o Palmeiras necessitava. Ele tem o DNA do Palmeiras, trabalhou muito bem com a base [subiu 11 atletas]. Nós mudamos muito [vários jogadores deixaram a equipe], fizemos contratações pontuais [Rony e Matías Viña] e não conseguimos implementar o futebol que desejamos, a filosofia que falei no fim do ano”, explicou Galiotte. O técnico, de fato, conseguiu dar espaço a jovens que se destacaram, como Patrick de Paula, Gabriel Menino, Wesley e Gabriel Veron, mas teve dificuldades em trabalhar com outros mais experientes, como Gustavo Scarpa, Lucas Lima, Ramires e Bruno Henrique -este último transferiu-se esta semana para o Al-Ittihad, da Arábia Saudita. “Vamos continuar em busca do profissional que possa implementar esse jogo que tem o DNA palmeirense. Não mudei de opinião. Tínhamos um momento específico, passamos por uma grande etapa, vamos em busca agora do profissional que pode implantar esse estilo de jogo. O trabalho que ainda está faltando é definir qual é o modelo ideal, como o time vai jogar, aí, sim, a gente define os comandantes, baseado no modelo”, completou o mandatário. Sem falar em nomes, a diretoria sabe da exigência da torcida. Durante a transmissão da entrevista pelas redes sociais, os pedidos por estrangeiros, como os argentinos Gabriel Heinze (ex-Vélez Sarsfield) e Sebastián Beccacece (Racing) e o espanhol Miguel Ángel Ramírez (Independiente del Valle) foram numerosos, assim como a rejeição por Abel Braga, Dorival Júnior e Tiago Nunes, brasileiros livres no mercado. “Precisamos entender, escolher, definir o profissional. Temos dito aqui que o direito de errar diminui. O tempo é fundamental para ter a escolha certa […] Mas não podemos errar na escolha desse profissional. Temos de ter inteligência e sabedoria para não nos precipitarmos” afirmou o diretor Anderson Barros. O Palmeiras volta a campo pelo Brasileiro no domingo (18), às 20h30, contra o Fortaleza, no Castelão, sob o comando do treinador interino Andrey Lopes, auxiliar da comissão fixa do clube. Na quarta (21), o compromisso será pela Libertadores, contra o Tigre (ARG), às 21h30, no Allianz Parque.

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