SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quase 300 pessoas foram presas, neste domingo (6), pela polícia de Hong Kong, durante manifestações contra o adiamento das eleições legislativas. A votação estava inicialmente prevista para este domingo e permitiria a renovação do Conselho Legislativo (o Parlamento), uma das raras ocasiões para os cidadãos de Hong Kong exercerem o voto. A chefe do Executivo local, Carrie Lam, nomeada por Pequim, anunciou no dia 31 de julho o adiamento das eleições por um ano em razão da pandemia de coronavírus, despertando a ira da oposição que pretendia expressar sua oposição ao governo. Centenas de policiais de choque foram posicionados no bairro de Kowloon para impedir os chamados ao protesto pela internet. Ao longo da tarde, a polícia foi criticada pelos manifestantes, que gritavam “devolva o meu voto” e “policiais corruptos”, enquanto os agentes realizavam várias prisões, revistavam pessoas e ordenavam a dispersão da multidão. Em um comunicado postado no Facebook, a polícia declarou que 289 pessoas foram presas, a maioria por participar de uma manifestação não autorizada. Uma mulher foi detida sob a nova lei de segurança imposta por Pequim em Hong Kong. Ela é acusada de gritar palavras de ordem em favor da independência, acrescentou a polícia. Vídeos transmitidos ao vivo mostraram que três figuras importantes do movimento pró-democracia –Leung Kwok-hung, Figo Chan e Raphael Wong– foram presas. Essas prisões ocorreram após a detenção, no início da manhã, de um ativista pró-democracia pela unidade da polícia encarregada da segurança nacional. Tam Tak-chi, locutor de rádio, é acusado de “fazer comentários sediciosos”. A polícia não especificou os comentários que Lam teria feito. “O homem que prendemos esta manhã foi detido por proferir palavras sediciosas ao abrigo da secção dez do Código Penal”, disse o superintendente Li Kwai-wah, referindo-se à legislação em vigor no período colonial para julgar declarações antigovernamentais. De acordo com Li, Tam foi detido por um discurso que “gerou ódio e desprezo pelo governo e descontentamento entre os habitantes de Hong Kong”. Pequim lançou uma vasta campanha de repressão à dissidência de Hong Kong, após sete meses consecutivos de grandes protestos, muitas vezes violentos, que sacudiram o centro financeiro no ano passado. Praticamente todas as reuniões foram proibidas neste ano, com as autoridades citando preocupações de segurança e medidas para combater a pandemia de coronavírus. Desde a entrada em vigor, no final de junho, da nova lei de segurança, pelo menos 22 pessoas, incluindo o magnata dos meios de comunicação Jimmy Lai e a famosa ativista Agnes Chow, foram presas. Na sexta-feira, relatores especiais da ONU alertaram que a polêmica lei representa um risco para a liberdade e o direito de protestar na ex-colônia britânica. As autoridades de Hong Kong afirmam que a nova legislação não afeta as liberdades de expressão e de reunião garantidas pelo princípio “um país, dois sistemas”, estabelecido após a devolução em 1997 do território à China.