SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Lori Loughlin, 56, foi condenada a dois meses de prisão nesta sexta-feira (21) por ter participado em esquema fraudulento que facilitou o ingresso de suas filhas na Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos. As jovens foram matriculadas falsamente como pertencentes a equipe de remo, mediante o pagamento de US$ 500 mil (equivalente a R$ 2.80 milhões) . Além de a condenação, a atriz prestará 100 horas de serviço comunitário e pagará multa no valor de US$ 150 mil (correspondente a R$ 840 mil). Durante leitura da sentença, o juiz expressou surpresa por alguém que já tinha o que ele chamou de “uma vida de conto de fadas” corromper o sistema de admissão da faculdade por um desejo de ainda mais status e prestígio. De acordo com o New York Times, a atriz desculpou-se em lágrimas. Ela alegou que acreditava estar agindo por amor às filhas, mas percebeu que apenas contribuiu para as desigualdades na sociedade. “Essa constatação pesa muito sobre mim”, disse Loughlin, “e embora eu desejasse poder voltar e fazer as coisas de maneira diferente, só posso assumir a responsabilidade e seguir em frente”, pontuou. Mais cedo, também nesta sexta-feira, Mossimo Giannulli, 57, marido de Loughlin, foi condenado pelo mesmo crime. Segundo a Reuters, assim como a mulher, o estilista admitiu a culpa no esquema. A pena de prisão imposta foi condizente com os termos do acordo de confissão que Giannulli assinou em maio. Foi estipulado que ele terá que pagar multa de US$ 250 mil (correspondente a R$ 1.40 milhão) e realizar 250 horas de trabalho comunitário. O juiz do caso afirmou que Giannulli “tem discernimento”, mas que devido à sua “soberba” participou de um esquema desavergonhado por meio do qual pais ricos conspiraram com um consultor de exames de ingresso da Califórnia para uso de suborno e fraude a fim de garantirem a entrada dos filhos em escolas de elite. “Você não estava roubando pão para alimentar a família”, disse o juiz a Giannulli durante audiência realizada pelo por videoconferência devido à pandemia de coronavírus. “Não há justificativa para seu crime.” O casal lutou contra as acusações por mais de um ano. Em resposta ao escândalo de admissões que começou a se desenrolar em 2019, algumas faculdades e universidades estabeleceram novos limites entre a arrecadação de fundos e as admissões ou recrutamento atlético, informa o New York Times. Outros implementaram salvaguardas para garantir que os alunos admitidos como atletas sejam, de fato, atletas. De forma mais ampla, o caso gerou discussões sobre as muitas vantagens que os alunos ricos desfrutam no processo de admissão à faculdade. Os privilégios incluem a ajuda de tutores e treinadores caros, oportunidades de se destacar em esportes que abrem as portas da faculdade, preferência dada a candidatos antigos e até mesmo a opção de grandes doações que podem comprar acesso. ENTENDA O CASO Em março de 2019, promotores federais norte-americanos indiciaram quase 50 pessoas por pagarem ou receberem milhões de dólares em propina para que candidatos fossem aceitos em algumas das melhores universidades do país. Entre os acusados estavam atrizes de Hollywood, como Loughlin e Felicity Huffman, 57, além de empresários e técnicos esportivos de prestigiosas instituições de ensino como Yale e Stanford. O esquema que, segundo o advogado Andrew E. Lelling, é o maior escândalo de admissão em faculdades já analisado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, movimentou US$ 25 milhões (cerca de R$ 95 milhões) em suborno. William “Rick” Singer, 58, administrou a fraude por meio da empresa Edge College & Career Network, afirmaram promotores federais de Boston. A acusação sustentava que Singer arranjava esquemas para que candidatos falsos fizessem as provas de admissão das faculdades no lugar dos filhos dos seus clientes ricos. Sua empresa também subornou treinadores para que aceitassem estudantes sem competência atlética. Os pais pagaram dezenas de milhares de dólares pelos serviços de Singer. O dinheiro era mascarado como contribuição de caridade. “O que fazemos é ajudar as famílias mais ricas dos Estados Unidos a colocarem seus filhos na escola. Minhas famílias querem uma garantia”, resumiu Singer aos promotores.