SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quando o Bayern de Munique venceu pela última vez a Champions League, Arjen Rooben era seu jogador símbolo. O atacante das arrancadas da lateral para o meio fez o gol da vitória por 2 a 1 naquela final contra o Borussia Dortmund realizada em Wembley, em 2013. Nesta quarta (19), o nome de Robben foi uma das tendências de citações no Twitter. Isso começou quando Serge Gnabry, 25, fez uma jogada que era marca registrada do holandês, acertou um chute no ângulo e foi decisivo para colocar o Bayern pela primeira vez depois de sete anos na final do torneio europeu. Foi a tarde em que o Bayern ficou próximo de se reencontrar com glórias do passado. A goleada por 3 a 0 sobre o Lyon (FRA) em Lisboa colocou os alemães na decisão contra o Paris Saint-Germain (FRA). A partida será domingo (23), às 16 horas (de Brasília), no Estádio da Luz, na capital portuguesa. O segundo gol também foi marcado por Gnabry e Lewandowski fechou o placar. Até deixar o Bayern, em 2019, em uma aposentadoria cancelada meses depois, Robben tentou fazer a equipe voltar a ser a principal da Europa. Se o clube bávaro domina a Bundesliga, com oito títulos consecutivos, não conseguiu repetir o desempenho na Europa. A semifinal se tornou o maior pesadelo do time. Nos torneios entre a glória em Wembley e a vitória sobre o Lyon em Lisboa, foram cinco semifinais perdidas em seis Champions disputadas. No período, o Bayern apelou para técnicos considerados revolucionários (Pep Guardiola), vencedores pragmáticos (Carlo Ancelotti) e fez apostas (Niko Kovac). Conseguiu voltar à final com Hans-Dieter Flick, 55, um meia de carreira discreta que fazia parte do elenco do clube na derrota para o Porto, em 1987, na final da então Copa da Europa, como era conhecida a Champions League atual. Ele foi colocado no cargo como solução emergencial e ganhou renovação de contrato por três anos. Flick conseguiu unir o elenco que não estava sequer na liderança da liga alemã em novembro de 2019, quando assumiu. Deu-lhe um padrão de jogo e, tão importante quanto isso, voltou a colocar Thomas Muller como parte central do time. Com Kovac, o atacante havia se tornado peça tão periférica que o técnico disse publicamente que só o usaria como último recurso. Um dos maiores nomes da história do clube, Muller foi revelado pelo Bayern, nunca atuou por outra equipe e é um dos três remanescentes dos titulares que estavam na decisão de 2013, ao lado do goleiro Neuer e do lateral Alaba. Um possível título valeria como a introdução do nome de Flick entre os principais treinadores do planeta. Como auxiliar, ele estava na comissão da seleção alemã campeã mundial no Brasil em 2014. O Bayern chega à final com 100% de aproveitamento na Champions League. Venceu todos os 10 jogos que disputou até agora. Anotou 42 gols (média de 4,2 a cada 90 minutos). Aplicou sete goleadas: duas no Estrela Vermelha (3 a 0 e 6 a 0), uma no Tottenham Hotspur (7 a 2), duas no Chelsea (3 a 0 e 4 a 1), uma no Barcelona (8 a 2) e o 3 a 0 no Lyon nesta quarta. Em todos os jogos de 2020, o time obteve são 27 vitórias e um empate. O Bayern tem também um artilheiro para o qual chegar à final tem um valor especial. Robert Lewandowski marcou 15 gols na competição e foi contratado logo depois da taça conquistada em 2013. Ele estava em campo na decisão em Wembley, mas com a camisa do Borussia Dortmund. O polonês chegou para cosolidar a condição do Bayern como time mais temido da Europa. Falhou na missão desde então e foi acusado de passar em branco nas partidas mais importantes. A final do próximo domingo é a sua chance de calar os críticos e vencer a Champions pela primeira vez. Poderia ser título de enorme valor até para jogadores que não pertencem ao Bayern, como o brasileiro Philippe Coutinho. Seria a volta por cima para o meia que era considerado ídolo do Liverpool (ING), mas forçou a saída para o Barcelona no momento em que Jurgen Klopp dava os toques finais no time que conquistaria a Champions League do ano passado e a Premier League de 2020. Não deu certo para ele na Catalunha e acabou emprestado aos bávaros. Estar na final da competição de clubes mais valorizada do mundo e talvez conquistá-la também tem suas vantagens financeiras. Se bater o PSG, o Bayern terá arrecadado nesta temporada da Champions League, somadas todas as premiações, 82 milhões de euros (R$ 535 milhões). Não é pouco dinheiro, mas o Bayern arrecadou 660 milhões de euros (R$ 4,3 bilhões) em 2019. Foi considerado pelo levantamento da empresa de consultoria Deloitte o quatro clube mais rico do mundo. O título valeria mais pela glória de, enfim, voltar estar no topo do futebol europeu.