SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Antes das quartas de final, Neymar havia afirmado que nunca sentiu o título da Champions League tão próximo do Paris Saint-Germain como nesta edição. Talvez facilitado pelo formato de jogos únicos em razão da pandemia, mas o fato é que, com grandes atuações do brasileiro, os franceses estão perto de conquistar a taça. Nesta terça-feira (18), em Lisboa, o Paris Saint-Germain venceu o RB Leipzig por 3 a 0 e garantiu a classificação à final do torneio, a primeira nos 50 anos de história do clube. Em boa apresentação de Neymar, os parisienses contaram com gols de Marquinhos, Di María e Bernat para superar o ambicioso time alemão, que em apenas 11 anos de vida e impulsionado pelos energéticos da empresa austríaca Red Bull já alcançou uma semifinal europeia. A chegada à decisão é a materialização do investimento brutal que o PSG fez desde que foi comprado, em 2012, pelo QSI (Qatar Sports Ivestment), um fundo de investimentos ligado à familia real do Qatar. Só em Neymar foram gastos 222 milhões de euros (R$ 824 milhões na época) para tirá-lo do Barcelona, há três anos. A contratação do atacante não foi a única superinflacionada pelo dinheiro qatariano, mas se tornou a bandeira da ambição dos parisienses, antes inexpressivos no futebol internacional, em alcançar o título da principal competição de clubes do mundo. Mais do que ser um forte clube francês, o que ele rapidamente atingiu com a entrada dos petrodólares, o PSG quer ser potência continental. O plano, pelo menos até esta edição, não vinha tendo sucesso, com seguidas frustrações na Champions. Nas últimas duas temporadas, eliminações consecutivas na fase de oitavas de final abreviaram o sonho europeu do PSG. Em ambas, Neymar não estava à disposição da equipe, lesionado. A ausência nos momentos determinantes do torneio produziu insatisfação com os torcedores, que não aceitavam ver o maior investimento da história do clube perder jogos decisivos por problemas físicos. Não ajudou o fato de que, na eliminação para o Manchester United, na edição 2018/2019 da Champions, Neymar tenha vindo ao Brasil para curtir o Carnaval enquanto não podia treinar. A entrevista a um patrocinador enquanto desfrutava das férias em julho pareceu o estopim para findar qualquer relação entre o brasileiro e o Paris Saint-Germain. O atacante, perguntado sobre a melhor lembrança que já viveu dentro de um vestiário, recordou da goleada de 6 a 1 do Barcelona sobre o PSG na Champions League de 2016/2017. Para os parisienses, a declaração foi considerada uma afronta, ainda mais no contexto de aparente litígio do jogador com o clube em sua tentativa de voltar ao Barça na janela do verão europeu. Ele não retornou à Catalunha, mas Paris também não queria recebê-lo. Logo na estreia do time na Ligue 1 em agosto de 2019, torcedores exibiram faixas contra o brasileiro. “Neymar, cai fora!” foi uma delas, além da lembrança do caso de acusação de estupro do atacante às vésperas da Copa América, do qual ele foi absolvido. Hoje, independentemente da ausência de torcida nas partidas por conta da pandemia, os parisienses e o brasileiro parecem viver uma trégua. E esta também aparenta estar relacionada ao que o Paris Saint-Germain vem atingindo na Champions League. O camisa 10 tem passado mais tempo em campo do que fora dele e se mostrou, enfim, decisivo no mata-mata da competição. Marcou nos jogos de ida e volta contra o Borussia Dortmund, nas oitavas de final, antes da paralisação do futebol europeu. Já em Lisboa, nas quartas, liderou a equipe do técnico Thomas Tuchel diante da surpreendente Atalanta, que saiu na frente do placar e estava assegurando a classificação até os 44 minutos do segundo tempo. Neymar, apesar de não ter marcado, participou do gol de Marquinhos, o do empate, e enfiou passe magistral para Mbappé servir Choupo-Moting, o herói improvável da virada contra os italianos. Nesta terça-feira, contra o RB Leipzig e em uma atuação coletiva muito mais sólida do que na partida com a Atalanta, Neymar e o Paris Saint-Germain trataram de encaminhar a classificação logo na etapa inicial. Di María cruzou na cabeça de Marquinhos, que cabeceou firme para abrir o marcador. Já nos minutos finais do primeiro tempo, o PSG pressionou a saída de bola dos alemães. O argentino Paredes lançou Neymar dentro da área que, de costas, desviou de calcanhar para Di María anotar o segundo. As presenças dos argentinos, inclusive, tiraram do brasileiro parte da responsabilidade de criar. Nas quartas de final, o primeiro entrou somente no segundo tempo e Di María estava suspenso. Mbappé, que também se recuperava de uma lesão e entrou na etapa final contra a Atalanta, iniciou como titular contra o RB Leipzig. O meio-campista italiano Marco Veratti, outro que precisava de ritmo e estava voltando de um período ausente, ganhou minutos e fica à disposição para a decisão europeia. Com alguns de seus principais jogadores recuperados, o PSG terá pela frente o Lyon, superado pelos parisienses na final da Copa da Liga Francesa e contra quem eles serão favoritos, ou o Bayern de Munique, cinco vezes campeão europeu e que vem de um 8 a 2 sobre o Barcelona. A proximidade do título deixou de ser um sonho ou uma impressão para se tornar uma realidade. E com Neymar em grande momento físico e técnico, o Paris Saint-Germain tem razões para acreditar que a ambição poderá ser recompensada com a taça. LEIPZIG Gulacsi; Angelino, Upamecano, Mukiele, Klostermann (Orban); Kampl (Adams), Laimer (Halstenberg), Nkunku (Forsberg); Sabitzer, Dani Olmo (Schick), Poulsen . T.: Julian Nagelsmann PSG Sergio Rico; Kehrer, Thiago Silva, Kimpembe, Bernat; Marquinhos, Paredes (Draxler), Ander Herrera (Verratti); Di María (Sarabia), Neymar, Mbappé (Choupo-Moting). T.: Thomas Tuchel Local: Estádio da Luz, em Lisboa (POR) Juiz: Bjorn Kuipers Cartões amarelos: Laimer, Halstenberg e Poulsen (Leipzig) e Kimpembe (PSG) Gols: Marquinhos, aos 13min, e Di María, aos 42min do primeiro tempo, e Bernat, aos 11min do segundo tempo