SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Atual, importante e com a missão de ajudar a fortalecer a fé e a autoestima das pessoas. É assim que a atriz Bianca Rinaldi, 45, define a novela “A Escrava Isaura” (Record), versão de 2004, que chega ao fim nesta terça-feira (18). Na trama ela é a protagonista, a escrava branca Isaura. De acordo com a atriz, a história escrita por Tiago Santiago segue muito contemporânea. “Recebo muitas mensagens de pessoas que se identificam com a novela. Por Isaura ter uma fé inabalável, muita gente diz que gostaria de ter a fé que ela demonstra e que aprende com ela. A personagem ensina que ninguém deve nos tocar sem que nós autorizemos, ensina e fortalece o respeito, a autoestima. É incrível a potência que ela tem”, afirma a atriz, em entrevista à reportagem. Na narrativa, os escravos são assolados pela raiva de quem se considera superior a eles. Isaura não passa pelo mesmo sofrimento dos negros, e tem seus privilégios de ser criada na Casa Grande. Mesmo assim, ela se sente uma escrava e compactua de todo o sofrimento. “É uma personagem que está muito próximo do que é povo brasileiro na fé, na questão de nunca desistir”, reforça a protagonista. Para Bianca Rinaldi, o tema se torna ainda mais moderno e atual, pois fala de racismo. “Ainda acontecem essas coisas [discriminação] num nível desumano. Hoje só mudou a forma de torturar as pessoas. Infelizmente, o desrespeito e a falta de humanidade ainda são muito vistos. Parece que a escravidão nem acabou.” Definitivamente, “A Escrava Isaura” tem uma importância fundamental para a vida e para a carreira da atriz. “Foi o trabalho que me colocou num degrau acima. Me trouxe reconhecimento no meio artístico que eu não tinha. Reconhecimento no Brasil e no mundo. Já havia feito duas protagonistas, mas a Isaura tem outro reconhecimento mundial pela história”, diz. Apesar de não ter tido muito tempo para acompanhar a quarta reprise da história, Bianca Rinaldi conta que tem prazer em ir às redes sociais para acompanhar o que os telespectadores comentam sobre a história. Há muita gente jovem que não teve a oportunidade de assistir à versão de 2004. “É encantador que mesmo após tantos anos ela seja vista e revista como se fosse a primeira vez. Me deixa feliz de ver que ela ainda surpreende as pessoas assim, pega fundo na emoção delas. Nunca imaginei na vida fazer uma novela que fosse repercutir por tantos anos.” ‘PRECONCEITO PRECISA SER DERRUBADO’ Vilão Leôncio de “A Escrava Isaura”, Leopoldo Pacheco, 59, diz que se orgulha de ter passado pela história. Atualmente no elenco da novela “Salve-se Quem Puder” (Globo), que retomou as gravações no dia 10 de agosto, o ator diz que costuma ler muitos comentários ainda sobre seu antigo personagem. “Tenho um carinho muito grande pela novela e pelo Leôncio, personagem odiado por todos, sempre perseguido pelo público. As pessoas têm curiosidade em saber como é fazer um personagem tão ruim”, diverte-se Leopoldo. “Hoje temos a mídia social para manifestar o olhar que temos pelos personagens e ainda se fala muito de Leôncio”, completa. De acordo com ele, além de entreter, a trama tem como intuito escrachar os horrores da discriminação. “Hoje discutimos mais assuntos difíceis e preconceitos que estão amalgamados à nossa cultura. O preconceito precisa ser derrubado num longo processo cultural. Precisamos nos rever”, finaliza. A novela terá um final diferente com direito a um inédito “quem matou Leôncio?”, personagem de Pacheco. O trecho será escolhido entre as diferentes versões gravadas no ano de 2004. AUDIÊNCIA EM ALTA A audiência de “A Escrava Isaura” segue numa crescente. De acordo com levantamento, a novela tem alcançado média de 7,4 pontos no PNT (Painel Nacional de Televisão), o que mantém a emissora na segunda colocação. Cada ponto do Kantar Ibope equivale a 260.558 domicílios. Em julho, a novela bateu seu recorde em São Paulo quando chegou a 9,4 pontos, com pico de 12 pontos no dia 14 -cada ponto do Kantar Ibope equivale a cerca de 74 mil domicílios. Na sexta passada (14), o folhetim marcou 9 pontos e, segundo a Record, a trama ficou por quatro minutos em primeiro lugar e tem sido a de maior ibope fora da Globo. Doutor em ciências da comunicação e especialista em teledramaturgia pela USP (Universidade de São Paulo), Claudino Mayer, diz que a trama tem muitas diferenças da versão de Gilberto Braga na Globo, de 1976, mas tem seus méritos. “É uma história já conhecida e destaco os atores Leopoldo Pacheco, Bianca Rinaldi e Patricia França como Leôncio, Isaura e Rosa, respectivamente”, pontua. Para ele, a pandemia também ajudou a fazer com que as pessoas vissem mais a novela vespertina. “Há uma importância da obra, da marca ‘A Escrava Isaura’. Assim, se torna muito comentada. É um produto com literatura rica e se torna atual.” O capítulo final de “A Escrava Isaura” vai ao ar nesta terça-feira (18), às 15h15. Na sequência, às 15h45, será exibido o primeiro capítulo de “Escrava Mãe”, sua substituta na faixa horária.