CUIABÁ, MT (UOL/FOLHAPRESS) – Jhonatas Lira Xavier, 27, morreu na terça-feira (11) após ser desafiado por um grupo de homens a beber pinga em troca de dinheiro, em um bar no bairro Alvorada, em Cuiabá (MT). Ele era diagnosticado com esquizofrenia e tomava 11 remédios por dia. A família só descobriu o caso depois de um vídeo de Jhonatas sendo embriagado começar a circular em grupos de WhatsApp e nas redes sociais. Um dos agressores chega a chacoalhar a cabeça da vítima. O caso aconteceu no domingo e será investigado pela Polícia Civil. De acordo com o boletim da polícia que relata a ocorrência, Jhonatas foi desafiado a beber cinco garrafas de pinga e chegou no hospital já com batimentos cardíacos fracos. Jhenifer Lira, irmã da vítima, disse que, assim que a mãe assistiu ao vídeo, decidiu sair pelas ruas do bairro em busca do filho. A família tinha esperanças de que ele tivesse pegado no sono em algum lugar. “Ela acabou não achando ele e decidiu ir no Hospital Municipal de Cuiabá. Chegando lá encontrou ele já entubado na UTI. O médico avisou que ela não podia ficar lá, que acompanhantes não estavam permitidos e que ligaria para avisar sobre qualquer alteração”, disse. Por volta das 23h daquele dia Jhonatas teve a primeira parada cardíaca, mas os médicos conseguiram reverter o quadro. No entanto, na manhã de terça ele acabou sofrendo uma nova parada cardíaca e não resistiu. Jhenifer contou que os dois rins do irmão, que entrou em coma alcoólico, pararam de funcionar. A família ainda não sabe exatamente o que aconteceu com Jhonatas depois das cenas que foram filmadas pelo grupo. A mãe dele chegou a ir ao bar e foi informada pela dona do estabelecimento que o jovem passou mal e que “talvez tivesse morrido”. “O Samu entubou ele naquele lugar por conta da gravidade. Minha mãe não sabe de tudo ainda, no momento estamos vivendo no desespero. Ela está muito abalada e debilitada. Está sendo muito difícil, queremos Justiça. Fizeram uma zoação, postaram nas redes sociais, não pode ficar assim. Foi um homicídio”, diz Jhenifer. No vídeo é possível ouvir os homens rindo, dizendo que querem ver Jhonatas “dar PT (perda total)” e “travar as quatro rodas”. Eles ainda chacoalham a cabeça do jovem violentamente após ele beber as garrafas de pinga e pedem para que ele faça o número quatro com as pernas. Na gravação, Jhonatas aparece sentado ao lado de três garrafas da bebida, mas não chega a se comunicar com os homens. A irmã explicou que, por conta do transtorno psicológico, ele não costumava conversar muito. “Por conta da esquizofrenia, ele não tinha muita comunicação, era mais quieto. A doença se agravou após os 15 anos. Sempre que alguém perguntava a idade dele, ele dizia que tinha 18. Não fazia mal para ninguém, sabíamos que ele pedia R$ 1 e cigarros quanto estava na rua”, contou. A suspeita da família é de que Jhonatas tenha se aproximado dos homens por conta disso. Jhenifer disse que os homens do vídeo não são conhecidos dela ou da mãe, mas, como o irmão era conhecido na região, não acredita que eles não soubessem que ele tinha esquizofrenia. “Todo mundo sabia, nós praticamente crescemos ali [na região]. A esquizofrenia fazia com que, às vezes, ele visse ou ouvisse coisas em casa. Se minha mãe fechasse a porta para ele não sair, ele chegava a quebrar para poder ir para rua. Mas ele andava, andava e voltava para dormir”, explicou.