SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em mais um esforço para reverter a imagem negativa do Brasil na área ambiental, um grupo de empresários e representantes de associações do setor privado se reuniu nesta quarta (12) com governadores de estados da Amazônia legal. Na pauta do encontro, o estabelecimento de metas para combater o desmatamento ilegal, inclusive com adoção de ação policial contra o crime organizado ligado à grilagem de terras. Participaram do encontro Beny Fiterman, presidente da Agropalma, Domingos Campos, diretor de sustentabilidade da Norsk Hydro, Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale, João Paulo Ferreira, presidente da Natura, Marcos Molina, presidente do Conselho da Marfrig e Michelle Shayo, diretora de relações governamentais da Alcoa. A Moline coube falar sobre rastreabilidade e desmatamento, tema também abordado por Fiterman, da Agropalma. O presidente da Vale explicou as ações da empresa na Amazônia voltadas para a inclusão social e econômica de comunidades locais. Shayo, da Alcoa, detalhou mecanismos de negociação de créditos de carbono e preservação da floresta. O presidente da Natura também falou sobre as ações realizadas pela empresa na região para a valorização e preservação da biodiversidade. Campos, por sua vez, apresentou as ações da Norsk Hydro para minimização do impacto ambiental no uso de recursos naturais. Assim como discutido na reunião realizada no mês passado com o vice-presidente Hamilton Mourão, o grupo defendeu o estabelecimento de metas de combate ao desmatamento ilegal. “O setor privado está acostumado com o estabelecimento de metas, inclusive para ter apoio de seus acionistas. Que todos os estados também tenham metas aspiracionais para o desenvolvimento da Amazônia”, disse Marina Grossi, presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), que também participou da reunião. Também presente no encontro, Marcello Brito, presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), destacou a necessidade de integração entre as ações dos órgãos que atuam na região, como os institutos de terras e o Incra. Os empresários pediram ainda melhoria na infraestrutura e governança para análise e concessão de licenças ambientais. Participaram da reunião os governadores do Acre, Gladson Cameli, do Amapá, Waldez Góes, do Amazonas, Wilson Lima, do Maranhão, Flávio Dino, do Mato Grosso, Mauro Ferreira, de Roraima, Antonio Denarium, do Pará, Helder Barbalho, de Rondônia, Marcos Santos e de Tocantins, Mauro Carlesse. O grupo divulgou uma carta aberta endereçada aos governadores. Leia a íntegra abaixo. “Excelentíssimos Senhores Governadores, Membros do Consórcio de Governadores da Amazônia Neste momento, em que enfrentamos uma situação extrema e excepcional, é muito importante manter a serenidade e o equilíbrio para que possamos superar e sair fortalecidos dos desafios que se apresentam. Em nenhum momento da história o futuro da humanidade e do planeta dependeu tanto da nossa capacidade de entendimento de que vivemos em um único planeta e de que a nossa sobrevivência está diretamente ligada à preservação e valorização dos seus recursos naturais. Os impactos sociais e econômicos causados em escala global e de forma inédita pela pandemia da COVID-19 nos advertem que a consumação de riscos associados à quebra do equilíbrio ecossistêmico traz consequências devastadoras quando negligenciados, tal como vem ocorrendo com o risco climático apontado pelo Fórum Econômico Mundial ano após ano, desde 2012. Cientes disso, o setor empresarial brasileiro, por meio de instituições e empresas dos setores industrial, agrícola e de serviços, vêm hoje reafirmar seu compromisso público com a agenda do desenvolvimento sustentável. Particularmente, esse grupo acompanha com maior atenção e preocupação o impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia. Essa percepção negativa tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país. Nesse contexto, esse grupo já se colocou à disposição do Conselho da Amazônia para contribuir com soluções que tenham foco nos seguintes eixos: Combate inflexível e abrangente ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros; Inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas; Minimização do impacto ambiental no uso dos recursos naturais, buscando eficiência e produtividade nas atividades econômicas daí derivadas; Valorização e preservação da biodiversidade como parte integral das estratégias empresariais; Adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono; Direcionamento de financiamentos e investimentos para uma economia circular e de baixo carbono; e Pacotes de incentivos para a recuperação econômica dos efeitos da pandemia da COVID-19 condicionada a uma economia circular e de baixo carbono. Ao Consórcio de Governadores da Amazônia, as instituições articuladoras deste movimento pedem especial atenção ao que vem a seguir: Avaliação e validação do CAR (como acelerar esse processo para a implementação do Código Florestal); Poder (ação de polícia) no combate ao crime organizado ligado a grilagem e ao desmatamento ilegal, que prejudica os negócios legais da Amazônia; Maior integração entre os institutos de terras e o INCRA na criação de uma governança colaborativa que de agilidade aos processos de regularização fundiária e; Melhoria da infraestrutura e governança na análise e concessão de licenças ambientais. Senhores, temos a oportunidade única, os recursos e o conhecimento para dar escala às boas práticas e, mais do que isso, planejar estrategicamente o futuro sustentável do Brasil. Precisamos fazer as escolhas certas agora e começar a redirecionar os investimentos para enfrentamento e recuperação da economia brasileira em um modelo de economia circular, de baixo carbono, e inclusiva, em que não há controvérsias entre produzir e preservar. Em nosso entendimento, esse é o melhor caminho para fincarmos os alicerces do país para as próximas gerações. Caso contrário, corremos o risco de ficarmos à margem da nossa própria história.”