SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Rússia anunciou nesta terça-feira (11) que concedeu a primeira aprovação regulatória do mundo para uma vacina contra a Covid-19, que recebeu o nome de Sputnik V, e que começará a imunização em massa da população em outubro. No entanto, como o governo russo não divulgou muitos detalhes sobre o medicamento, ainda há muitas dúvidas sobre ele. Veja perguntas e respostas sobre o composto: Por que os russos conseguiram anunciar a vacina primeiro? As vacinas normalmente passam por três fases de testes clínicos em humanos. A vacina russa, chamada de Sputnik V, está na fase 2; segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), porém, no acompanhamento feito pela entidade de dezenas de vacinas atualmente em desenvolvimento aparecem resultados apenas para a fase 1 do produto russo. As autoridades russas, no entanto, decidiram conceder registro ao medicamento para que ele pudesse ser já usado para imunização em massa, apesar de os testes clínicos ainda estarem em andamento. Por isso, há dúvida em relação à segurança e à eficácia da vacina. A vacina russa é confiável? Devido à falta de resultados publicados para as fases 1 e 2 da vacina, ao fato de a fase 3 estar em andamento somente na Rússia e às poucas informações reveladas pelo governo russo sobre o composto, a OMS disse que não recomendaria a vacina. Cientistas também questionam o fato de trabalhos detalhando a ação da vacina não terem sido publicados em periódicos científicos com revisão por pares. Como é feita uma vacina? De modo geral, as vacinas usam vírus ou bactérias atenuadas ou partes deles para tentar “ensinar” o sistema imunológico a reconhecer o patógeno; assim, quando a pessoa tem contato com ele, não desenvolve a doença ou desenvolve uma forma mais branda. A Sputnik, assim como outras vacinas em desenvolvimento contra a Covid-19, usa dois tipos de adenovírus, que causam gripes em chimpanzés e humanos, como vetores para “carregar” proteínas do Sars-CoV-2 para dentro de células humanas, estimulando que elas produzam anticorpos contra o coronavírus. Há previsão para a chegada da vacina russa no Brasil? Apesar de o governo do Paraná ter anunciado acordo com o governo russo para a produção da vacina, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) disse que ainda não recebeu pedidos para a realização de pesquisa ou registro da vacina no Brasil. Como ainda são necessários testes antes do registro da vacina no Brasil, dificilmente ela estará disponível antes do segundo semestre de 2021. Quem vai poder tomar e quais são os riscos? Como não são conhecidos muitos detalhes sobre a vacina russa, ainda não se sabe. Por quanto tempo a vacina protege? O ministro da Saúde russo, Mikhail Murashko, disse que a imunidade pela vacina duraria por dois anos, mas ainda não há evidências científicas que comprovem essa alegação.